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O vinho para o “Calor Seco”

Manuel Moreira • 14 de maio de 2023

É nas confeções de “calor seco” que se encontram das ligações mais excitantes com os vinhos. 

É um delicioso jogo de intensidade aromática e textura. Poderá fazer boa figura a combinação de cores, amarelos, âmbar e acobreados do alimento e do vinho.


O uso de “calor seco” refere-se a técnicas culinárias que ao contrário do “calor húmido” – que usam água ou vapor para cozinhar - usam ar quente para cozinhar os alimentos.


Algumas das confecções de calor seco mais comuns incluem assar, grelhar e torrar.


São técnicas frequentemente usadas para cozinhar alimentos que onde se procura uma textura crocante ou aquela provocante capa dourada.

O alimento é submetido ar quente que o ajuda a “selar” seus sucos naturais (preservados no interior do alimento) e acrescenta um sabor caramelizado, mais ou menos intenso, e toque fumado característico na parte exterior. Em resultado, o alimento adquire uma crosta quebradiça por fora e fica suculento no interior.


A boa intensidade aromática convida à concertação com vinhos de uma certa riqueza aromática, conferida pela idade ou por determinado trabalho com madeira, ou de técnicas que incutam alguns compostos oxidativos. Podemos levar em contar um certo tipo de mineral de caráter fumado. Amargos, não muito acres, resultam bem.


Ao nível da textura, também no vinho uma sensação de estaladiço será bem vinda, normalmente dada pela adstringência e tipologia de acidez, assim como da maior ou menor secura do vinho. E da madeira, mais secante ou cremosa.


Quando falamos em textura e crocância, as bolhas não podem ser esquecidas. Idealmente vinhos espumantes com algum estágio onde se sentirão aquelas notas caramelizadas da oxidação, (o brioche, frutos secos ou pão grelhado).


Em geral, dependendo do porte do “alimento”, podemos ajustar para o mais ou para o menos o “peso” ou volume do vinho.


Para o “suculento da parte de dentro”, pode-se dosear ou acertar através do extrato seco do vinho e pela forma mais arredondada ou tensa do vinho. Uma certa tendência doce, seja do frutado, do glicerol ou mesmo de açúcar residual, complementará o sabor caramelizado do alimento.


Vinhos de conceitos como “curtimenta”, “Orange wine”, rosés com estágio em madeira e mesmo Pét-Nat, preenchem os requisitos para se vincular a este tipo de confecção.  

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